terça-feira, abril 11, 2006

Big Mac

Semana passada eu menti de novo. O novo Chicken Burguer do Bourbon usa essa alface aí do lado, que chamamos de "americana", e em inglês é chamada iceberg lettuce. No sanduíche ela é usada à "julienne", cortada em finas fatias, e eu, sem ter mais assunto pra jogar fora enquanto comia um deles, comentei com o head chef que nunca tinha comido esse tipo de alface.

"Como assim nunca comeu iceberg lettuce? Você nunca foi ao McDonald's? Nunca comeu um Big Mac?"

Comecei mentindo para não parecer um idiota que mal consegue se lembrar do que já comeu ou não na vida - onde já se viu? Terminei mentindo para aumentar minha coleção de factóides sobre o Brasil.

Uma boa mentira deve começar atacando a auto-estima do interlocutor, rebaixando seu nível cultural ao das meninas cariocas que pedem Hip-Hop ao DJ enquanto ele toca Beastie Boys. Falei pra ele que no Brasil não tínhamos esse sanduíche por causa do Índice Big Mac.

- "Como assim você nunca ouviu falar no Big Mac Index?!"

Nesse ponto você vê o sorriso da pessoa, antes maroto, amarelar para indicar que o controle, agora, é seu. Praticamente toda mentira vai ser engolida como verdade absoluta.

No Brasil não temos Big Mac há vários anos, prossegui, desde pouco depois que o índice foi criado. Na época o país apresentava um crescimento econômico respeitável sob a ditadura militar, exceto no índice Big Mac. Nesta métrica a economia ia mal, pior ainda que dos nossos vizinhos latino-americanos mais pobres, como a Bolívia e o Paraguai. A solução dada pelo governo militar cortou o problema pela raiz, uma vez que não é possível comparar o preço do Big Mac se ele não é vendido no país.

Essa pequena mentira me chamou a atenção para a expectativa mundial em relação ao bom senso dos militares: qualquer absurdo parece razoável quando eles estão envolvidos. Não precisa ser do Brasil, afinal a lista é longa (americanos e as bombas atômicas, brasileiros e a contaminação dos rios na guerra do paraguai, russos e a invenção do strogonoff etc). Adicionando um personagem do primeiro mundo, países pobres e longínquos, dos quais tal cidadão possivelmente nunca ouviu falar, e pitadas de verdade, é fácil criar um factóide. César Maia que o diga.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sera que seu chefe nao pensa, de vez em quando, q vc é meio doidao?
É cada 1 q fico rindo sozinha....

Anônimo disse...

O Alan usou o BIGMAC INDEX por várias vezes na nossa viagem prá Europa, em Novembro.
ha,ha.