quarta-feira, agosto 09, 2006

Bing Lee

Ha poucas semanas atras, quando a guerra no Libano comecou, eu estava terminando de ler Blind Flight (que virou filme em 2003), um livro escrito pelo Brian Keenan, o irlandes que ficou refem por quase 5 anos em Beirute (alias, em 2 semanas vao fazer 16 anos que ele foi libertado). Morbida coincidencia - ou preciso tomar cuidado com minha proxima leitura? - pensei na epoca.

Minha vitrola vintage vai muito bem - recebi um pacotinho com dez 7" ontem, incluindo perolas de Sergio Mendes e Deodato - mas ando entediado com meu iPod. Sem outra distracao, ha dois dias passei a comprar o Daily Telegraph a caminho do ponto de onibus. Alem de entretenimento, consigo desovar as gigantescas moedas de 50 centavos de dolar australiano.

A edicao de hoje contribuiu para uma manha estilo flash-back (deja vu, se estiver enojado dos americanos) quando, envolvido com minha leitura, peguei o onibus errado. Acho que foi mais ou menos na epoca do meu stage fright, no CEL, que peguei a linha 574 para o Catete (cacete!) ao inves do 570 para Laranjeiras. A cegueira ainda nao descoberta, em fase inicial, confundiu os numeros mas foi o gibi novo do Tio Patinhas que me fez chegar ate a rua Sen. Vergueiro antes de perceber meu equivoco.

Hoje culpo o tedio com a rotina por me fazer entrar no onibus da linha 291 ao inves da 294. Acho que nem tirei os olhos da materia que eu lia no jornal. O sujeito entra numa loja da Bing Lee, uma das maiores cadeias de eletrico/eletronicos da australia, e compra um cartao de memoria para sua camera fotografica digital. Ao tentar tirar fotos com o novo cartao sua camera exibe na tela o erro: "cartao cheio". Encucado com o problema, resolve plugar a camera no computador e, para sua surpresa, baixa as fotos das ferias do Sr. Bing Lee!

Entre uma risada e outra, levantei a cabeca, tal qual em mil-novecentos-e-oitenta-e-qualquer-coisa, para nao reconhecer os arredores do ponto onde o onibus estava parado. Incredulo, nao me levantei de imediato; considerei, por longos segundos, continuar sentado, e descobrir aonde eu estaria quando acabasse de ler meu jornal.

O senso de aventura durou pouco. Desci e saquei o telefone para pedir um taxi. Sem credito. Musiquinha chinfrim, atendente eletronica, opcao 1, ultimos 4 digitos do cartao, processando, transacao rejeitada. Tenta de novo. Opcao 1 (opa! ta vindo um taxi; merda, tava ocupado), opcao hum? Nao prestei atencao no que a maquina falou. Tento de novo. Recarregando o telefone pela terceira vez, entrei em um taxi ainda com o celular na orelha, dando o endereco para o motorista e apertando os numeros do meu cartao de credito no teclado do aparelho.

Claro que fui levado ao endereco errado mas no fim das contas acabei tomando mais ou menos o mesmo tempo que o onibus (certo - o errado ainda estou pra descobrir onde vai parar). Ja que o dia comecou bem, por que nao escrever um post no blog e arriscar um esporro do chefe?

Um comentário:

Anônimo disse...

É tão bom ler seus post.Um prazer mesmo. Voce escreve bem Thiaguinho.