sexta-feira, abril 28, 2006

Coletivo

Agora eu ando de ônibus, certo? Estava dando sorte porque desde que comecei a "comutar" nunca havia tido que viajar de pé, exceto na volta da entrevista, ocasião na qual gentilmente cedi meu lugar a uma senhora. Senhora esta que me olhou como se eu fosse de outro mundo, ficou encantada com a gentileza. A julgar pelos apelos nos cartazes e pequena amostra que já coletei, o pessoal aqui não gosta muito de ceder o assento para velhinhas, simpáticas ou não.

Se o passageiro não é gentil, o motorista é bastante. Por esses dias, numa freada mais brusca, o motorista olhou para trás e se desculpou em voz alta aos passageiros. Fantástico! no Rio de Janeiro essa freada não derrubaria nem as vovós osteoporóticas que estão de pé, distraídas, solavancando com uma só mão no "puta-que-pariu". Sem brincadeira, já me peguei pensando várias vezes "esse cara só pode estar de sacanagem". Não tem outra explicação! quem já andou de ônibus no Rio com certeza conhece a "bombadinha". É quando o motorista dá várias pisadas no freio, fazendo o caixotão balançar e sacudir a rapaziada que está dentro, manja? O da foto aí do lado deve ter esquecido de fazer a curva, tão prazerosa estava a bombadinha (o governador, de quem roubei a foto, tem uma história de ônibus hilária pra contar).

Onde eu estava? Sim, em pé no ônibus. Quarenta minutos de "viage", uma hora com o trânsito ruim. Cada vez que a moça na minha frente me roçava sua bolsa eu lia novamente o cartaz que dizia "este ônibus está limitado a carregar 15 passageiros em pé". O cara é gentil mas não sabe contar, pode? Na Austrália pode. Pra caber mais de quinze ele vira pra trás e pede "por favor, vão mais pro fundo". Eu não me movi uma única vez, até porque já estava de pé no enorme quadrado vermelho com letras garrafais dizendo "não fique aqui".

Eu só mudava de posição quando a porta abria para ejacular um passageiro. E quando eu peidava. Porque se você solta o pum e olha na mesma direção que ele foi, dá pra disfarçar melhor. E também dá pra medir até onde ele foi. Não é falta de educação, é despeito mesmo. Se o sujeito ao meu lado está fedendo, por que eu não posso?

Mudando de assunto porque minhas leitoras (vovó, mamãe e Cris) vão reclamar. Já falei dos pais do Simon? Foram embora semana passada, depois de uma pequena temporada aqui em casa. Eu ainda estava trabalhando no Bourbon e por isso raramente encontrava com o Paul e Margareth, simpaticíssimos. Mas eu sempre sentia sua presença no apartamento. Primeiro porque no jantar o cheiro de carneiro frito subia para o meu quarto. Segundo porque no café-da-manhã o alarme de fumaça disparava com as torradas queimadas.

Minha primeira visão na manhã era a mãe do Simon abanando o alarme para dissipar a fumaça e parar o barulho insuportável. Mais insuportável ainda porque o alarme do andar de cima, por algum maldito/bendito mecanismo baseado na estonteante freqüência expelida, toca em conjunto com o de baixo. Como engenheiro acho a tecnologia o máximo - se o apartamento realmente pegar fogo no andar de baixo vou ficar muito satisfeito se o alarme no andar de cima tocar antes do fogo propriamente dito alcançar meus lençóis (ditongos crescentes abertos são acentuados, eu acho).

Aliás, ontem quase toquei fogo no andar de baixo. Conto depois.

5 comentários:

Anônimo disse...

Achei gentilíssimo meu caro, vc ceder lugar pra idosa; mas será q esse pum não foi por vingança ...

Anônimo disse...

Voce e o Simon não quiseram sair na foto? Tão escondidinhos...
De quem é o bichinho de pelúcia na mesa? Ficou engraçado.

Anônimo disse...

tiago, eu tava lendo aqui pra atualizar a história pq fiquei sem compu em casa um tempo. Aí fui voltando, voltando até fevereiro e não consegui entender o que vc tá fazendo agora.. Saiu do restaurante e tá onde? que projeto? que TI? que nouruega? Já fui e voltei e não achei a hora que muda de cena...Beijo
Lena

Anônimo disse...

gostaria de deixar registrado que também sou leitor da coluna. Att, Léo Hazan

Anônimo disse...

ah!!!é mesmo, o q é esse TI?Estou sempre aqui,mas, de vez em qdo me perco